Na Espiritualidade Afrikana não existe nenhum fundamento que inferioriza as mulheres ou que promova o binarismo e a desigualdade de gênero. E isso refletia na liberdade e na autoridade que elas exerciam em suas comunidades e nos assuntos de Estado.
O Deus criador, Amon, é o principal Deus Afrikano e é cultuado em quase todo continente. Ele não possui um gênero definido, contendo em si todos os gêneros e possibilidades de existência. Isso gera uma sociedade em que a vida é baseada no equilíbrio entre os gêneros, incluindo os nao-binários.
Esse fundamento Espiritual / metafísico tem origem na vida material, no papel de destaque das mulheres como responsáveis pela criação da agricultura e por exercer com igualdade o trabalho agrícola.
Pessoas não-binárias são reconhecidas como tendo uma ligação maior entre o mundo dos humanos e o mundo Espiritual. Esse fundamento da Ancestralidade Afrikana se manifesta no Poder que é atribuído a essas pessoas fazendo com que elas não sejam nem inferiorizadas nem desumanizadas.
Nas palavras do Faraó Cheikh A Diop:
"Por causa das exigências da vida agrícola, conceitos tais como matriarcado e totemismo, a mais perfeita organização social, e religião monoteísta nasceram. Estes engendraram outros: assim, a circuncisão resultou do monoteísmo; na verdade, foi realmente a noção de um deus, Amon, criador incriado de tudo o que existe, que levou ao conceito de andrógino. Uma vez que Amon não era criado e uma vez que ele é a origem de toda a criação, houve um momento em que ele estava sozinho. Para a mentalidade arcaica, ele deve ter contido dentro de si todos os princípios masculinos e femininos necessários para a procriação. É por isso que Amon, o deus Negro por excelência do Sudão “AngloEgípcio” (Núbia) e todo o resto da África Preta, estava para aparecer na mitologia Sudanesa como andrógino. A crença nessa ontologia hermafrodita produziria a circuncisão e excisão no mundo Preto. Alguém poderia continuar para explicar todas as características básicas da alma e civilização Negras usando as condições materiais do Vale do Nilo, como o ponto de partida".
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