A Revolução Afrikana no Haiti

O território que é hoje a ilha do Haiti (na língua indígena dos Taino Ayiti) era uma terra rica em metais preciosos no período das colonizações. Foi o primeiro local em que os invasores brancos espanhóis criaram um forte, um assentamento no continente Abya Yala (hoje américas). Foi através do contato com navegadores do Reino de Mali e Djelis (historiadores Afrikanos) que Cristóvão Colombo ficou sabendo das terras do outro lado do oceano Atlântico e partiu para iniciar a era das colonizações e escravização promovida pelos europóides.

Depois de instituída a prática da escravização, os brancos espanhóis passaram a sequestrar diversos povos Afrikanos e a maioria deles tinha um forte sentimento Espiritual e eram chefes militares em seus países no Congo, Daomé, Gana e Nigéria. Desde do começo esses afrikanos sequestrados ao chegarem no Haiti se rebelavam, escapavam e imediatamente criaram cidades Kilombos chamadas de Maroon.


O Haiti também foi invadido pelos franceses e rapidamente se tornou a maior fonte de lucros e poder para a França. Os altos lucros eram frutos da escravização violenta, pela qual a minoria branca vivia no luxo e na paranoia de estar cercada por milhares de Afrikanos submetidos à extrema violência e crueldade para tentar assustar e impedir as tentativas de revoltas.

O precursor da revolução Haitiana foi Makandal, em 1750. Ele ensionou para as mulheres Afrikanas a herbologia (uso de ervas) e como usar a fauna e a ecologia do território para envenenar a comida dos brancos escravistas. Ele era mestre na ciência Vodoo de farmacologia e seus ensinamentos foram usados até o final da revolução.

Outro líder importante para a revolução foi o Sacerdote Vodoo chamado Dutty Boukman. Ele era filho de uma grande revolucionária jamaicana e sua família tinha liderado uma revolta na Jamaica contra os brancos ingleses. Como punição foi vendido para os brancos franceses do Haiti, pois eles tinham a fama de serem os mais cruéis e violentos colonizadores. No Haiti combateu juntamente com a comandanta Cécile Fatiman. Ela era uma sacerdotisa Mambo e foi responsável por durante dois anos organizar secretamente um congresso Afrikano para unir a resistência contra a escravização e colonização europoide. Para isso, Cécile percorreu toda a ilha negociando e planejando o encontro com os outros escravizados. A maioria dos envolvidos eram religiosos e praticante do Vodoo, o que significava que conheciam as ervas e toda a ecologia da ilha. A Espiritualidade Afrikana foi fundamental para o sucesso do encontro, em 14 de agosto de 1791, marcando o início da revolução haitiana.

Através da luta de guerrilha, fazendo uso de confrontos rápidos, o exército Afrikano atacou a sede do governo provocando a parada de todas as atividades da colônia e dando início à guerra em 21 de agosto de 1791. Depois de alguns confrontos Boukman é preso e morto. Antes de morrer ele declarou que a revolução não poderia ser parada, pois haviam muitos outros líderes.

Toussaint Louverture, um dos generais revolucionários se tornou o novo líder. Ele foi criado desde a sua infância por uma mulher de Daomé (hoje Benin), Reino Afrikano muito famoso por seu exército e força militar. Napoleão assumiu o poder na França e tentou combater a independência do Haiti. Com as vitórias de seu exército, Toussaint proclamou uma Constituição para o Haiti que abolia a escravização e o racismo. Com as incríveis vitórias do exército revolucionário contra as maiores potencias da época, Inglaterra, Espanha e França, Toussaint foi convidado por Napoleão para negociar a paz. Nesse encontro ele foi traído pelo líder francês, preso e condenado a morte. Napoleão não aceitava a ideia de uma república governada por Afrikanos.

O último grande líder da revolução Haitiana foi o general Jean Jacques Dessalines. Ele comandou um exército revolucionário que era formado por pessoas que chegaram diretamente de Afrika, que cresceram livres e com forte treinamento militar. Sanité Belai foi uma das várias mulheres Afrikanas que lideraram tropas revolucionarias e derrotou os exércitos coloniais. Dessalines teve de enfrentar a intensificação da guerra, Napoleão mesmo sabendo que os franceses não retomariam o controle da ilha decidiu então fazer uma guerra de extermínio. Os conflitos se tornaram mais violentos e os franceses pela primeira vez na história fizeram uso de câmara de gás para envenenar os rebeldes entre outras práticas de tortura e morte.


Na tradição religiosa do Vodoo, Toussaint é Elegbá, o espírito que vem abrindo o caminho. Dessaline representa Ogun, aquele que vem para fazer as coisas acontecerem por todos os meios necessários. Dessaline não era daomeano, mas foi uma mulher daomeana chamada Tantoya que o ensinou a língua ioruba, o conhecimento científico e espiritual do Vodoo e também a lutar. Tantoya era uma Rainha de Damoé, uma chefe militar, e quando ela foi levada para o Haiti decidiu educar jovens para o treinamento militar. Isso mostra como a revolução haitiana foi planejada com anos de antecedência e preparo.

Diferente de Toussaint, o General Dessalines não tinha a intenção de fazer acordos com os brancos escravistas. Como as tropas francesas atuavam com crueldade extrema, os revolucionários iniciaram focos de incêndio para desorganizar o exército francês. Contando com espiões, os líderes afrikanos tomavam conhecimento dos planos dos soldados franceses e se preparavam para combatê-los. Numa dessas batalhas os Haitianos renderam 7 mil soldados franceses e os expulsaram da ilha enviados num navio de volta para a europa.

Em 31 de dezembro de 1803 foi Declarada a Independência do Haiti e aprovada uma nova Constituição. Dessalines se tornou o primeiro chefe de Estado do país. A luta de independência do Haiti estimulou muitas outras rebeliões Afrikanas nas colônias gerando um grande medo das elites brancas escravistas. No Brasil foi proibido qualquer livro, jornal ou propagando falando do Haiti. A Revolução do Haiti é um dos marcos para o início da Idade Contemporânea, os nossos dias de hoje.

 

 

A apostila foi basicamente um resumo desse documentário

1804 A história oculta do Haiti (1)  https://t.co/AlUHuyev17

1804 A história oculta do Haiti (2)  https://t.co/wKSPBGvRPj

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