Cuffy e a Rebelião Afrikana na Guiana

 

Em 23 de fevereiro de 1763, na Guiana, um grupo de 100 africanos que se libertaram, liderados por Cuffy, pegou em armas contra os brancos holandeses. Dentro de algumas semanas, esse contingente aumentou para cerca de 1000 Afrikanos libertos.

Eles rapidamente ganharam controle territorial de Berbice (Guiana), enquanto o governador van Hogenheim, comandante das forças coloniais holandesas, foi instado a abandonar, sucessivamente, os dois fortes da região. Ele se refugiou em Dageraad, uma plantation e da segunda metade de maio de 1763 até janeiro de 1764, Cuffy tentou negociar um tratado de paz com os colonos. 

Em comunicações escritas para van Hogenheim, Cuffy inicialmente informou-lhe que as hostilidades cessariam somente se ele e todos os outros europeus deixassem a colônia. Posteriormente, ele modificou essa demanda, propondo um tratado no qual a escravizacão seria abolida e o território divido uma parte para os Afrikanos e outra para os brancos.

Em janeiro de 1764, os colonizadores conduziram sua ofensiva. Assistido por um contingente de combatentes caribes e por dois navios de guerra, ele foi capaz de derrotar a força Afrikana. Ao cabo, dos líderes africanos (Cuffy e seu tenente Akkara; Atta, líder do segundo grupo; e Acabre, líder do terceiro), somente Atta e Akkara ainda estavam vivos para se render. Em uma disputa pela liderança, Atta matou Cuffy e então foi forçado, ele próprio, a se render quando Akkara auxiliou os holandeses a planejar sua captura. Acabre, a essa altura demasiadamente superado numericamente, lutou até que ele e seu pequeno exército de homens foram capturados.

Em março, as autoridades coloniais prenderam 2.000 Afrikanos. Seus julgamentos iniciaram-se em fevereiro e estenderam-se até abril. Dos 100 julgados, 47 condenados por crimes menores foram perdoados. Os outros 53 condenados por ofensas graves foram sentenciados à morte. Os prisioneiros capturados pelos holandeses foram tratados com crueldade. Um julgamento intempestivo (um falso julgamento seria uma descrição melhor) foi realizado em 16 de março de 1674.

 Adicionalmente a essas execuções oficiais, Afrikanos também perderam suas vidas por atos de vingança violentos que se seguiram à guerra. No total, mais do que 1.500 Negros/as (37.5% da população escravizada) perderam suas vidas.

A ‘insurreição’ foi custosa para os brancos colonos que permaneceram em Berbice. Durante os onze meses de batalha, a colônia não exportou nenhum produto. A assistência que eles receberam de fontes exteriores legaram-lhes pesados passivos. A crise se arrastou até 1781 quando os ingleses invadiram a guiania se aproveitando da falência e vulnerabilidade das cidades



* Adaptado do artigo "Fantasmas Holandeses e o Mistério da História: ritual e interpretações de colonizados e colonizadores sobre a rebelião de escravos de Berbice de 1763"



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