Lélia Gonzalez


 Lélia Gonzalez nasceu em 1º de fevereiro de 1935, em Minas Gerais, filha do negro ferroviário Accacio Serafim d’ Almeida e de Orcinda Serafim d’ Almeida Lélia de Almeida González. Era a penúltima de 18 irmãos. Com a mãe indígena, que era doméstica, recebeu as primeiras lições de independência. Mudou-se com a família em 1942 para o Rio de Janeiro, acompanhando o irmão Jaime, jogador de futebol do Flamengo. No Rio de Janeiro, cidade que amava, seu primeiro emprego foi de babá . Não raro se identificava como carioca, foi torcedora incondicional do Flamengo.

Graduou-se em história e filosofia, exercendo a função de professora da rede pública. Posteriormente, concluiu o mestrado em comunicação social. Doutorou-se em antropologia política /social, em São Paulo (SP), e dedicou-se às pesquisas sobre a temática de gênero e etnia. Professora universitária, lecionava Cultura Brasileira na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC – Rio). Seu último cargo na instituição foi de chefa do departamento de Sociologia e Política.

Lélia foi, sem dúvida, responsável pela introdução do debate sobre o racismo nas universidades brasileiras, além de ter entoado a palavra negra brasileira nos mais importantes fóruns internacionais de luta contra o racismo. Tornou-se referência, não só da luta negra como também da luta feminista no Brasil e no exterior.

Entre 1976 e 1978, ministrou de forma pioneira cursos de Cultura Negra no Brasil, na Escola de Artes Visuais, no Parque Lage, um importante espaço cultural do Rio de Janeiro. Em 1976, aderiu ao Grêmio Recreativo de Arte Negra e Escola de Samba Quilombo, um exemplo de sua busca para eliminar a oposição entre cultura e o fazer político. O enredo da Quilombo, em 1978, foi escrito por Antônio Candeia Filho, baseando-se no trabalho de Lélia e de outros nomes reconhecidos nos estudos sobre o negro – o tema desenvolvido pela escola foi os noventa anos de abolição.

Através do candomblé, da psicanálise e da cultura afro-brasileira assumiu sua condição de mulher e negra.

Lélia se destacou pela importante participação que teve no Movimento Negro Unificado (MNU), do qual foi uma das fundadoras. Em 07 de julho de 1978 em ato público oficializou a entidade em nível nacional. Para ela,o advento do MNU “consistiu no mais importante salto qualitativo nas lutas da comunidade brasileira na década de 70.”

Ativista incansável, militou também em diversas organizações, com o Instituto de Pesquisas das Culturas Negras (IPCN) e o Coletivo de Mulheres Negras N’Zinga, do qual foi uma das fundadoras. Em Salvador fez-se presente na fundação do Olodum. Sua importante atuação em defesa da mulher negra rendeu a Lélia a indicação para membro do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM). Atuou no órgão de 1985 a 1989. Filiou-se ao Partido dos Trabalhadores (PT) e disputou vaga na Câmara Federal, em 1982, alcançando a primeira suplência. Foi candidata a deputada federal em 1982. Em 1986, estava no Partido Democrático Trabalhista (PDT), por onde se candidatou como deputada estadual, também conquistando a suplência.

Nos últimos anos, estudava o que ela chamava “negros da diáspora”, dando origem ao conceito de amefricanidade. Escreveu Festas populares no Brasil, premiado na Feira de Frankfurt, Lugar de negro, em co-autoria com Carlos Hasenbalg, duas teses de pós-graduação, além de diversos artigos para revistas científicas e obras coletivas. Faleceu vítima de problemas cardíacos no Rio de Janeiro no dia 10 julho de 1994.

 “Lélia exerceu um papel fundamental na criação e ampliação do movimento negro contemporâneo. Em termos pessoais, seu grande orgulho foi servir como “catalisadora” dos anseios de uma parcela da juventude negra de Salvador, Bahia, no final dos anos 70. A partir de um ciclo de palestras que ela realizou na cidade, em maio de 1978. Este fato revela o que, para mim, foi o traço mais característico de Lélia: a capacidade ímpar de nos instigar com a exuberância de sua fala, nos inspirar com a luminosidade de sua personalidade”. (Luiza Barros. Extraído do artigo “Lembrando Lélia Gonzalez”. In.: Livro da saúde das Mulheres Negras)


Textos

Por um feminismo Afro-latino-americano

Racismo e sexismo na cultura brasileira

Livro O lugar da mulher

 

Fontes:

http://blogueirasnegras.org/2013/07/10/lelia-gonzalez-19-anos/

http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/leliagonzalez

https://www.geledes.org.br/hoje-na-historia-1935-nascia-lelia-gonzalez/

 


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