O conceito de reinado é uma das indicações mais impressionantes da similaridade de pensamento entre Kemet e o resto da Afrika Preta. Deixando de lado tais princípios gerais como a natureza sacrosanta do reinado e salientando um traço típico devido à sua estranheza, devemos destacar o assassinato ritual do monarca.
Em Kemet, o rei não deveria reinar a menos que ele estivesse bem de saúde. Originalmente, quando sua força diminuía, ele era realmente posto para morrer. Mas realeza logo recorreu a vários expedientes. O rei era compreensivelmente ansioso para preservar as prerrogativas de sua posição, enquanto submetendose à mínima incoveniência possível. Assim, ele foi capaz de transformar a sentença fatal em uma simbólica: a partir de então, quando ficava velho, ele era apenas posto para morrer, ritualisticamente.
A prática de substituir o rei sempre que sua força vital diminui, obviamente, decorre dos mesmos princípios vitalistas por todo o mundo Preto. Em outras regiões da Afrika Preta, os eventos ocorrem exatamente como em Kemet no que diz respeito ao verdadeiro assassinato do monarca.
Na mesma linha, quando o nível da força vital de até mesmo um rei legítimo diminuía, ele era condenado à morte, quer de fato, como foi aparentemente o caso no início, ou mais tarde, com a evolução, simbolicamente. Esta foi a prática geral na Afrika Preta e em Kemet, onde a execução simbólica coincidia com o festival de Zed. Por este meio, o rei deveria morrer e nascer de novo, revitalizado; ele recuperava o vigor da sua juventude, ele estava mais uma vez apto para governar. Esta mesma prática é encontrada entre os Iorubá, Dagomba, Tchamba, Djukon, Igara, Songhai, Wuadaï, os Haussa de Gobir, Katsena, e Daoura, os Shillucks, entre os Mbum, em Uganda-Ruanda, no que foi a Meroë antiga.
- Cheikh A Diop
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