Os Povos Iorubás ou Yorùùbá se desenvolveram principalmente no sudeste da atual Nigéria desde o século V a.E.c e constituíram um dos grandes centros civilizatórios Afrika Ocidental. As comunidades Yorùbá não pertencem a um único país, a um único território. Isso porque eles sempre se reconheceram por suas cidades-Estado, cidades independentes com seus governantes e leis. Como exemplo, na Nigéria (que concentra a maior parte da região onde viviam e vivem os Yorùbá), eles se reconhecem como sendo das cidades de Ilé-Ifé, Ibadã e Ketu. Hoje, há estimativas de que existam cerca de 45 milhões de Yorùbá no mundo, sendo mais de 40 milhões na Nigéria e os demais em países como República do Benin, Guiné, Togo, Gana, Camarões e Serra Leoa, na Afrika Ocidental. Além de seus descendentes no Brasil e outros países do Continente Indígena (Abya Yala ou América).
A ligação entre o Brasil e o continente Afrikano abrange muitos aspectos. As religiões de matrizes afrikanas são parte importante desta riqueza, o idioma Yorùbá é muito usado nas cerimônias de Candomblé. Devido a essa influência, muitas palavras presentes no cotidiano do brasileiro são de língua Yorùbá. A raiz é única, mas as particularidades que ele recebeu em território brasileiro faz com que ele seja diferente daquele falado na Nigéria, no Benin ou na Costa do Marfim, por exemplo. Abadá, babá, bambolê, caruru, odara, vatapá são algumas palavras de origem Yorùbá que usamos hoje no Brasil
Há registros de que o idioma Yorùbá existe há pelo menos 6 mil anos (talvez 10 mil anos). Para o povo Yorùbá, a palavra é sagrada. Olorum, o Deus Supremo, soprou vida nos corpos, então, todas as vezes que falamos, exalamos hálito, hálito sagrado – uma partícula do Criador! Por isso, a palavra tem “aṣè” (vida, força vital). Quando a gente entende o valor filosófico dessa cultura, a gente amplia os horizontes e se aproxima dessas divindades.
As tradições contam que Ilé-Ifé teria sido o próprio berço da humanidade. Ali Todos os povos e reinos descenderiam do deus-rei Oduduwa, fundador da cidade sagrada. Outra lenda diz que Oduduwa seria o condutor de uma gente vinda do Leste. Os Yorùbá durante a antiguidade viveram no antigo Kemet Egito, antes de migrar para a costa Atlântica. Por isso existem semelhanças ou identidade de línguas, crenças religiosas, costumes, e nomes de pessoas, de lugares, e de coisas. Por exemplo, o deus Kemético Khonsu transformou-se em Osu (a Lua).
Após a fundação da cidade sagrada de Ifé, o povo se espalhou pela região e tomou forma final por volta do final do primeiro milênio. No século 13 (XIII) foi fundada a cidade de Oyo, que se tornou a capital política dos Yorùbá. Além de centro espiritual, Ifé era também um grande centro de comércio nacional e internacional.
Arte: Mais do que uma língua em comum, os Yorùbá estão unidos por uma mesma cultura e tradições de sua origem comum. Os Yorùbá do Sul da Afrika Ocidental tem uma muito rica e vibrante comunidade artesanal, criando arte contemporânea e tradicional. O costume de arte e artesãos entre o Yorùbá é profundamente assinalado no Corpo Literário Ifá que indica os orixás Ogun, Obatala, Oxum e Obalufon como central à mitologia de criação inclusive a obra artística, isto é a arte da humanidade.
As máscaras do culto de Epa são relacionadas aos ancestrais e a agricultura, com variedades harmônicas que aparecem nas cidades. Geralmente elas são usadas em ritos funerários ou ritos de passagem. As estátuas Ibeji são produzidas para cultuar os deuses gêmeos. As figuras equestres são temas comuns aos Yorùbá, confeccionadas, preferencialmente, em madeira. Isto reflete a importância da cavalaria nas campanhas dos reis na criação do Império Oyo, nos séculos XVI a XIX.
A arte "realista" de Ifé e do Benin, com suas proporções harmoniosas, seu equilíbrio, sua serenidade representa o "classicismo" escultórico Afrikano.
Política: A Idade de Ouro do Império Yorùbá ocorreu entre 1086 e início de 1800, na qual a sociedade era constituída de clássicas aldeias ou vilas, que formavam uma série de reinos. Cada Aldeia tinha um governante que recebia o título de Bale dado pelo Obá, o Senhor do Reino. Também havia uma Assembleia dos Notáveis, que era na realidade a detentora da autoridade. O guarda muralhas, em geral era um sacerdote, o babalaô, que recolhia os impostos.
O rei tinha uma função precisa, um papel definido: ele deve ser aquele com a maior força vital em todo o reino. Só desta forma pode ele servir como um mediador com o universo superior, sem criar qualquer ruptura, qualquer convulsão catastrófica dentro das forças criadoras. As obrigações eram rigorosas e a sucessão ao trono era praticamente sem incidentes, como ocorria entre os Povos Mossi.
Na mesma linha, quando o nível da força vital do rei diminuía, ele era simbolicamente “condenado à morte”. Esta foi a prática geral no continente Afrikano assim como foi em Kemet, onde a execução simbólica coincidia com o Festival de Zed. Com essa cerimônia o rei recuperava o vigor da sua juventude e estava mais uma vez apto para governar. O principal Deus Kemético, Amon, existe no idioma Yorùbá com o mesmo significado que tinha em Kemet: o oculto; e há um monte chamado Kuso perto de Ilé-Ifé e outro do mesmo nome no sul de Kemet.
Economia: Eles se desenvolveram através da agricultura, comércio e arte de produção. Com o uso do ferro para criar ferramentas de metal e armas, como facões, machados e enxadas se tornou mais fácil para os Povos Yorùbá cultivar a terra. O alimento básico era o inhame. Também eram colhidas as sementes da árvore de óleo de palma para produzir um óleo vegetal que é usado para cozinhar. Logo, começaram a fazer comércio com áreas vizinhas de arroz e sorgo até se expandir se tornando um grande centro de artesanato e comércio.
Para mais informações:
Cheikh Anta Diop https://estahorareall.wordpress.com/2015/07/14/africa-preta-pre-colonial-cheikh-anta-diop/
http://www.pordentrodaafrica.com/cultura/ioruba-precisa-ser-reconhecido-como-parte-da-nossa-cultura
http://civilizacoesafricanas.blogspot.com/2009/10/civilizacao-ioruba.html
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