De acordo com Lenormant, * um Império Kushita existiu originalmente em toda a Arábia. Esta foi a época personificada pelos Aditas de Ad, netos de Ham [Cam], o ancestral Bíblico dos Negros. Cheddade, um filho de Ad e construtor do lendário "Paraíso Terrestre" mencionado no Alcorão, pertence à época chamada de aquela dos "Primeiros Aditas". Este império foi destruído no século XVIII A.C. por uma invasão de rudes, tribos Jectanidas brancas que aparentemente vieram a se estabelecer entre os Pretos. [ * - Les Phéniciens, pp. 368ff. Lenormant obteve esta informação a partir de al-Masudi, Les Prairies d'or. Paris: Imprimerie impériale, 1861-1917. 9 vols.]
Em pouco tempo, no entanto, o elemento Kushita recuperou o controle político e cultural. As primeiras tribos brancas foram completamente absorvidas pelos Kushitas. Esta época foi chamada de aquela dos "Segundos Aditas". (Cf. Lenormant, pp. 260-261.)
Esses fatos, sobre os quais até mesmo autores Árabes concordam, provam, como se tornará em breve mais evidente, que a raça Árabe não pode ser concebida como qualquer coisa além de uma mistura de Pretos e Brancos, um processo que continua ainda hoje. Esses mesmos fatos também provam que traços comuns à cultura Preta e à cultura Semita foram tomados emprestados dos Pretos. O reverso é historicamente falso.
Tentar explicar o mundo Egípcio Negro pelo chamado mundo Semita deve ser impossível, com base em não mais do que algumas semelhanças gramaticais, tais como conjugações sufixais, sufixos pronominais e o t para o feminino.
O mundo Semítico, como nós o concebemos hoje, é demasiado recente para explicar o Egito. Como nós temos visto, antes do século XVIII A.C., somente Negros (Kushitas, na terminologia oficial) eram encontrados na região da Arábia.
Infiltrações antes do segundo milênio foram relativamente insignificantes. O Egito conquistou o país durante os primeiros séculos dos Segundos Aditas, sob a minoria de Tutmés III. Lenormant acredita que a Arábia é a terra de Punt e da Rainha de Sabá.
Devemos lembrar ao leitor que a Bíblia coloca Put, um dos filhos de Ham [Cam], naquele mesmo país.
No oitavo século A.C., os Jectanidas, tendo-se tornado forte o suficiente, tomaram o poder da mesma maneira- e durante o mesmo período - que os Assírios ganharam controle sobre os Babilônios (também Kushitas):
Embora eles compartilhassem os mesmos costumes e a mesma língua, os dois elementos que formaram a população do sul da Arábia permaneceram bastante distintos, com interesses antagônicos, assim como na bacia do Eufrates, os Assírios e Babilônios, o primeiro dos quais [Assírios] eram da mesma forma Semitas , e o segundo [Babilônios], eram Kushitas.
Enquanto o império dos Segundos Aditas durou, os Jectanidas estiveram sob os Kushitas. Mas um dia veio quando eles se sentiram fortes o suficiente para se tornarem mestres por sua vez. Liderados por Iârob, eles atacaram os Adites e foram capazes de superá-los. Esta revolução é geralmente datada no início do século oito A.C.. * [ * - Lenormant, Ibid., P. 373.]
Lenormant relata que após a vitória Jectanida, alguns dos Aditas atravessaram o Mar Vermelho em Bab el Mandeb para se estabelecer na Etiópia, enquanto os outros permaneceram na Arábia, refugiando-se nas montanhas de Hadramaut e em outros lugares. Esta é a origem do provérbio Árabe: "Dividido como os Sabeus", e por que o sul da Arábia e a Etiópia tornaram-se inseparáveis linguisticamente e etnograficamente. "Muito antes da descoberta da língua e inscrições Himiaríticas, tinha sido notado que o Ge‟ez [Ghez], a língua Abissínia, é um remanescente vivo da antiga língua do Iêmen." * [* - Ibid., P. 407.]
Cheikh Anta Diop, A origem Africana da civilização. capítulo 5 Pode a civilização egípcia ser de origem asiática?, páginas 254 a 256
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