Durante a época histórica, documentos Latinos testemunham a existência de Pretos em todo o Norte da África: "Historiadores Latinos nos deram informações sobre a população, principalmente nomes que significam pouco para nós. Nós devemos lembrar pelo menos uma população Negra de tamanho considerável existia, os Etíopes de Heródoto, cujos descendentes foram, provavelmente, o Haratins do Alto Atlas Marroquino. " * [ * - Ibid., P. 371.]
Esta última citação prova que, mesmo agora, há Pretos na área. A única civilização pré-histórica que irradiou a partir dali, mesmo no Egito, foi provavelmente devida aos Pretos.
A cultura Aurignaciana surgiu no norte de Afrika e se espalhou pela eurasia |
Durante aquele tempo, na África e no Oriente, que são intocados pelos Solutreanos e Magdalenianos, Negróides Aurignacianos são diretamente continuados por uma civilização chamada Capsiana, o centro do que parece ter sido a Tunísia. De lá, ela provavelmente chegou ao resto da África do Norte, Espanha, Sicília e sul da Itália, por um lado, competindo com Caucasianos e Mongolóides pela bacia do Mediterrâneo. Por outro lado, a Líbia, Egito e Palestina. Em suma, sua influência foi sentida a tal extensão no Saara, África Central, e mesmo a África do Sul. Esta civilização Capsiana leva a um florescimento artístico comparável em seus desenhos rupestres ao que os Magdalenianos alcançaram na Europa. Mas a arte Capsiana tende para a abstração, para aquela estilização esquemática de figuras que veio, talvez, a tornar-se a origem da escrita. É verdade, nem todos concordam com a data dos desenhos encontrados em vários lugares do Sahara e até mesmo em Hoggar (Argélia). Alguns os vêem como a expressão de uma civilização Capsiana, enquanto outros atribuem-nos para um período posterior, no Neolítico. * [* - Ibid., Pp. 14 - 15]
A aparência do carneiro segurando um disco ou uma esfera entre seus chifres ligaria esta civilização do Saara a cultos Egípcios pré-dinásticos. Este é a Amon, o deus-carneiro, quem nós vemos criado no Sahara, então habitado por pastores levando suas ovelhas e bois para pastar onde hoje existe apenas um deserto.* [* - Ibid., p. 15.]
O exame dos documentos, portanto, testemunha, tão remoto quanto em tempos pré-históricos, a presença de uma civilização Negra, no mesmo local reivindicado como o ponto de partida da civilização Egípcia.
Anteriormente, no Capsiano e no Magdaleniano, os fatos observados revelam, pelo contrário, uma invasão da Eurásia pelos Pretos, que supostamente conquistaram o mundo. Isso é o que Dumoulin de Laplante escreve, referindo-se ao início do Pleistoceno:
"Uma migração de Negros do tipo hotentote, então, deixando a África do Sul e Central, provavelmente submergiram a África do Norte, Argélia, Tunísia, Egito e, forçosamente, trouxeram uma nova civilização - a Aurignaciana – para a Europa Mediterrânea.
Estes Bosquímanos foram os primeiros a gravar desenhos em rochas e a esculpir figuras de pedra calcária representando mulheres grávidas monstruosamente gordas. Foi a estes Africanos que a bacia interior Mediterrânica deveu o culto de fertilidade da deusa da maternidade? Esta hipótese de uma invasão por Negro Africanos em ambas as margens do Mediterrâneo, contudo, com várias objeções. Por que, fugindo do sol, estes homens teriam vindo a procurar o frio? Se aceitarmos a hipótese de uma migração da África, não é surpreendente encontrar ferramentas aurignacianas na França, Itália e Espanha. Mas a presença dessas ferramentas na Boêmia, Alemanha e Polônia, torna a hipótese mais frágil. Finalmente, ferramentas aurignacianas existem em Java, Sibéria e China. Ou os Pretos tinham conquistado o mundo, ou teríamos que assumir que foram "intercâmbios culturais" entre os diferentes povos do planeta." * [ * - Dumoulin de Laplante, Histoire Generale Synchronique. Paris, 1947, p. 13.]
Estatuetas de Auset |
Encarando a mesma evidência arqueológica. Furon adota a idéia de um culto de fertilidade, para evitar chegar às mesmas conclusões. * [ * - Ct. a passagem de Furon que citamos na nota 26.]
Aceitar aquela teoria é favorecer a hipótese de uma invasão Negra, a qual, na verdade, é apoiada pelos crânios Aurignacianos, os esqueletos Grimaldi.
O papel civilizador da África, mesmo em tempos pré-históricos, é cada vez mais afirmado pelos estudiosos mais ilustres: “Além disso", escreve Abbé Breuil, "parece cada vez mais provável que, mesmo nos dias antigos de antigas ferramentas de pedra, a África não apenas conheceu estágios de civilização primitiva comparáveis aos da Europa e da Ásia Menor, mas foi talvez a fonte de várias dessas civilizações, cujos enxames conquistaram aquelas terras clássicas para o norte". * [ * - Abbé Henri Breuil, "L'Afrique du Sud," Les Nouvelles littéraires, 5 de abril de 1951.]
A opinião deste grande estudioso vai ainda mais longe. Parece cada vez mais evidente que a humanidade nasceu na África. Na verdade, o mais importante estoque de ossos humanos encontrados até agora tem sido na África do Sul [nota do tradutor: Ao momento em que essa obra foi escrita, ainda não haviam sido encontrados os Ossos de 'Lucy' na Etiópia – em 1974]. Apesar de não ser o local mais extensivamente escavado, é o único lugar no mundo onde os ossos encontrados nos permitem reconstituir a árvore genealógica da humanidade ininterruptamente desde os seus primórdios até hoje.
Cheikh Anta Diop, A origem Africana da civilização. capítulo 3 A falsificação da história moderna, páginas 130 a 134.
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