A descoberta do túmulo de Ausar em Abdju

 À Amélineau nós devemos a descoberta da tumba de Osiris |Auar| em Abydos |Abdju | , graças à qual Osíris não poderia mais ser considerado um herói mítico, mas um personagem histórico, um antepassado inicial dos Faraós, um ancestral Preto, como foi sua irmã, Isis. Assim, podemos entender por que os Egípcios sempre pintaram a seus deuses tão pretos como o carvão, à imagem de sua raça, desde o início até o fim de sua história. Seria paradoxal e incompreensível para um povo Branco nunca ter pintado seus deuses de branco, mas para escolher, pelo contrário, para descrever seus seres mais sagrados na cor preta de Ísis e Osíris em monumentos Egípcios. Este fato revela uma das contradições dos modernos que afirmam dogmaticamente que a raça Branca criou a civilização Egípcia com uma raça Preta escravizada vivendo ao seu lado. A escolha da cor dos escravos, em vez daquela dos mestres e civilizadores deve chocar uma lógica mente objetiva.

 Por isso, é que Amélineau, após suas tremendas descobertas e seu estudo em profundidade da sociedade Egípcia, chega à seguinte conclusão da maior importância para a história da humanidade:

“A partir de várias lendas Egípcias, eu tenho sido capaz de concluir que as populações estabelecidas no Vale do Nilo eram Negras, uma vez que a deusa Isis foi dita ter sido uma mulher preto-avermelhada [reddish-black]. 

Em outras palavras, como eu tenho explicado, sua tez é coffee au lait (café com leite), a mesma daquela de alguns outros Negros cuja pele parece emitir reflexões metálicas de cobre.” * [* - Amélineau, Prolégomènes à l'étude de la religion égyptienne. Paris: Ed. Leroux, 1916, parte 2, 124.]



 Amélineau designa a primeira raça Preta a ocupar o Egito pelo nome de Anu. Ele mostra que ela veio lentamente descendo o Nilo e fundou as cidades de Esneh, Erment, Qouch, e Heliópolis, pois, como ele diz:

“Todas estas cidades têm o símbolo característico que serve para indicar o nome Anu *, [* - Hieróglifo: Uma seta com duas penas ou juncos] Está também em um sentido étnico que devemos ler o termo Anu aplicado a Osíris. Na realidade, no capítulo introduzindo hinos em honra de Ra e contendo o Capítulo XV do O Livro dos Mortos, nós lemos: "Salve a Ti, Ó Deus Ani na terra montanhosa de Antem! Ó grande Deus, falcão da dupla montanha solar!"

Se Osiris era de origem Núbia, embora nascido em Tebas, seria fácil de entender por que a luta entre Set e Horus teve lugar na Núbia. em qualquer caso, é surpreendente que a deusa Isis, de acordo com a lenda, tenha precisamente a mesma cor de pele que os Núbios sempre tiveram, e que o deus Osíris tenha o que me parece um epíteto étnico indicando sua origem Núbia. Aparentemente, esta observação nunca foi feita antes.” * [* - Amélineau, Prolégomènes, pp 124-125.]


Cheikh Anta Diop, A origem Africana da civilização. capítulo 3 A falsificação da história moderna, páginas 150 a 152.

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