Os Jectanidas, “que, na época sua chegada, eram ainda um pouco mais do que bárbaros", não introduziram nada além de um sistema de tribos pastorais e feudalismo militar (cf. Lenormant, p. 385). A religião era de origem Kushita e parecia emanar diretamente do culto Babilônico. Ele permaneceria o mesmo até o advento do Islã. Os deuses Sabeus eram praticamente os mesmos que os deuses Babilônicos e todos pertenciam à mesma família Kushita de divindades Egípcias e Fenícias. A única Tríade reverenciada era: Vênus-Sol-Lua, como na Babilônia. O culto tinha um pronunciado caráter sideral, especialmente solar: eles oravam para o sol nas diferentes fases do seu curso. Não havia nem idolatria, nem imagens, nem sacerdócio.
Eles dirigiam uma invocação direta aos sete planetas. O período de 30 dias de jejum já existia, como no Egito. Eles oravam sete vezes a cada dia, com o rosto voltado para o norte. Estas orações para o sol em horas diferentes lembram um pouco as orações Muçulmanas que ocorrem durante as mesmas fases, mas que foram reduzidas pelo Profeta para cinco orações obrigatórias "para aliviar a humanidade"; as outras duas orações são opcionais.
Havia também fontes e pedras sagradas, como nos tempos Muçulmanos: Zenzen, uma fonte sagrada; Kaaba, uma pedra sagrada. A peregrinação à Meca já existia. A Kaaba foi reputada de ter sido construída por Ismael, filho de Abraão e Agar [Hagar], a Egípcia (uma mulher Negra), antepassados históricos de Maomé, de acordo com todos os historiadores Árabes. Como no Egito, a crença em uma vida futura já era predominante. Ancestrais mortos eram deificados. Assim, todos os elementos necessários para o florescimento do Islã estavam no local a mais de 1.000 anos antes do nascimento de Maomé. O Islã apareceria como uma purificação do Sabeanismo pelo "Mensageiro de Deus".
Então nós temos visto que o povo Árabe inteiro, incluindo o Profeta, é miscigenado com sangue Negro. Todos os Árabes educados são conscientes desse fato. O fabuloso herói da Arábia, Antarah [Antar], é ele próprio um mestiço: Apesar da importância que atribuem à sua genealogia e à prerrogativa de sangue, os Árabes, especialmente os moradores urbanos sedentários, não mantêm sua raça pura de qualquer mistura.
Mas a infiltração de sangue Negro, que se espalhou para todas as partes da península e que parece destinada um dia a mudar a raça completamente, começou muito cedo na Antiguidade. Ela ocorreu pela primeira vez no Iêmen, cuja geografia e o comércio colocaram em contato contínuo com a África. A mesma infiltração foi mais lenta e chegou mais tarde em Hejaz ou em Nedjd. Ainda assim, ela também ocorreu mais cedo, de um modo geral, do que se parece pensar. Antarah, o herói romântico da Arábia pré-Islâmica, é um mulato pelo lado de sua mãe. No entanto, seu rosto completamente Africano não impediu seu casamento com uma princesa das tribos mais orgulhosas de sua nobreza, tão habituais que tinham se tornado aqueles miscigenados de pele-preta (Melaninados). Eles tinham há muito sido aceitos nos costumes, ao longo dos séculos imediatamente anteriores a Maomé.* [* - Ibidem, p. 429-430..]
Ao contrário de Lenormant, nós não fizemos nenhuma distinção entre "Kushita" e "Negro" pois, fora de declarações a priori, ninguém jamais foi capaz de distinguir entre os dois. [* - Lenormant trai a si mesmo quando ele fala sobre as relações entre Egito e Etiópia: naquela época ele usa Kushita como sinônimo de Negro. Lembremo-nos que Kush é uma palavra de origem Hebraica, que significa Negro.]
Conseqüentemente, é importante mudar nossas noções sobre os Semitas. Seja na Mesopotâmia, Fenícia, ou Arábia, o Semita, tanto quanto ele é objetivamente discernível, aparece como o produto de uma miscigenação Negro-Branco. É possível que os Brancos que vieram a miscigenar com os Negros naquela área da Ásia Ocidental foram distinguidos por certas características étnicas, tais como o nariz Hitita.
O caráter misto das línguas Semíticas poderia ser explicado da mesma forma. Existem raízes comuns para Árabe, Hebraico, Siríaco, e línguas Germânicas. Este vocabulário comum é mais extenso do que pode ser sugerido por esta lista muito curta. Nenhum contato entre Nórdicos e Árabes dentro do período histórico da humanidade explica isto. É uma afinidade étnica, em vez de um empréstimo.
Árabe Inglês Alemão
ain eye auge
ard earth erde
asfar fair fair
beled land land
Qasr castle
Em contraste, algumas palavras árabes parecem ser de origem Egípcia:
Árabe Egípcio
Nabi: o Profeta Nab: o mestre, mestre
do conhecimento
Nahâs: cobre Nahasi: cobre (tribos Sudanesas têm conhecido o cobre desde a antiguidade remota
Rat: trovão Ra: deus celestial,
atmosférico
El Baraka: bênção divina Ba-Ra-Ka: bênção
É ainda mais absurdo explicar a criação do Império de Gana no século III A.C. como uma contribuição Semita do Iêmen, pois naquela época o Iêmen era uma colônia Negro Etíope e assim permaneceu até o nascimento de Maomé. Em qualquer caso, se permanecermos no reino dos fatos conclusivos, é impossível provar que a civilização de quaisquer dessas regiões tenha precedido aquela do Egito; é impossível explicar a segunda pela primeira.
Os novos métodos radioativos utilizados em monumentos e objetos só farão sentido se sucederem em datar a obra do homem sobre a matéria, e não a idade da matéria empregada. Seria fácil de encontrar, em qualquer lugar na terra, um fragmento de planta datando da remota pré-história. Estamos nos referindo aqui ao método Americano baseado no período decrescente do radioativo Carbono-14.
Cheikh Anta Diop, A origem Africana da civilização. capítulo 5 Pode a civilização egípcia ser de origem asiática?, páginas 261 a 266
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