Conflitos e parceria nas relações entre a Núbia e Kemet

 


Tão cedo quanto 4000 a.C. documentos Egípcios indicam que o Sudão Meroítico era um país próspero que mantinha laços comerciais com o Egito. O ouro era abundante. Em torno desta época, o Sudão Meroítico provavelmente transmitiu ao Egito os doze hieróglifos que foram o primeiro alfabeto embrionário.

 Após várias tentativas de conquista, Sudanêses e Egípcios tornaram-se aliados e uniram forças em expedições ao Mar Vermelho, lideradas por Pepi I (Sexta Dinastia). 

A Núbia era então governada por um rei chamado Una que, sob o sucessor de Pepi I, tornou-se governador do Alto Egito. Esta aliança durou pelo menos até a Décima Segunda Dinastia Egípcia. Sesostris I, em seguida, estabeleceu com êxito uma curadoria sobre a Núbia:

Mas o jugo é rejeitado sob Sesostris II, em circunstâncias que fazem o próprio Egito temer invasão. Muralhas e fortalezas são erguidas entre a primeira e a segunda cataratas para deter os Núbios. O Egito está tão desconfortável que ele apela para tribos beduínas lideradas por um certo Abshal, da Síria. Em quatro campanhas, Sesostris III põe fim à ameaça. A fronteira é restaurada rio acima, onde novas fortalezas são construídas, ao mesmo tempo que uma nova stela é erguida barrando a passagem dos Pretos. (Pédrals, p. 45.)

Exceto pelo uso incorreto do termo "Pretos" que termina a citação e para o qual o autor, conhecido por ser um homem de boa vontade, não é inteiramente responsável, esta passagem revela a natureza dos fatos que levaram à Estela de Philae. Eles mostram que, em um dado momento, o aliado Sudanês quase conquistou o Egito que, por esse motivo, organizou a sua defesa, daí a Estela de Philae. Assim, esta não poderia significar o que outros gostariam que ela significasse.

 Da batalha de Danki (século XV) até aquela de Guilé (século XIX), os Cayor e os Djoloff experimentaram o mesmo antagonismo periódico que Egito e Núbia. Será que isso faz dos Cayorianos e Djoloff-Djoloff menos Negros?


Cheikh Anta Diop, A origem Africana da civilização. capítulo 8 Argumentos opondo-se a uma origem Negra, páginas 350 a 352.

Templo de Auset em Philae


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