Kara-karé

O rio Logone em Birni (1892) (gravura de Elisée Reclus do livro The earth and its inhabitants, Africa 1893)


De acordo com Pédrals, os Kara formam um núcleo que vive na fronteira do Sudão "Anglo-Egípcio" e no Alto Ubangi. Os Karé vivem perto do rio Logone; os Karekaré, no nordeste da Nigéria. Karekaré é apenas o redobrar de Kare, uma palavra que combina Ka + Ra, ou Ka + Ré. Os Kipsi-Kapsigi são encontrados na área dos Grandes Lagos e no Norte de Camarões; os Kissi, a nordeste do Lago Nyasa e nas áreas florestais da Alta Guiné. . . .

 Esta lista poderia ser prolongada indefinidamente e, assim, localizar no Vale do Nilo o habitat precoce de todos os povos Negros espalhados hoje sobre as diferentes partes do continente. Esta identidade de nomes poderia sugerir uma migração recente. É, Portanto, preferível examinar mais profundamente na origem de alguns povos, como os Iorubás, Serer, Toucoulor, Peul, e Laobé, e mostrar que seu ponto de partida foi de fato o vale do Nilo.

 Antes de fazer isso, vamos comentar sobre o lendário povo Ba-Fur, por vezes referido como Vermelho, às vezes como Preto. Ba é o prefixo coletivo precedendo todos os nomes dos povos de África. Este pode ser comparado com o Wa em Egípcio, Copta, e Wolof, significando: aqueles de, os, etc. Essa terminação plural nas línguas em que ele aparece como um sufixo, poderia explicar a origem do plural Egípcio em w:

Bak-w: servos (Egípcio)

Sumba-wa: os Sumbs

Zimbab-we.

 Ba-Fur tem a mesma formação como Ba-Pende: os Pende; Ba-Luba: os Luba. Sem me aventurar a tirar uma conclusão, Eu devo salientar que, em Wolof , Pour=amarelo. Ba-Fur poderia designar não uma tribo de homens Vermelhos ou Pretos, antepassados dos Serer, mas sim uma tribo da raça Amarela. Isso explicaria as características Mongolóides encontradas na África Ocidental, e também, talvez, as relações culturais entre a África e a América, comprovadas pela semelhança de palavras tais como:

Loto: canoa, em Wolof, e em línguas indígenas norte-

Americanas (como em Sara e Baguirmian).

Tul: nome de uma cidade no Senegal.

Tulé: nome de uma terra Esquimó; canção Alemã.

Tula: nome de uma cidade no México.

Inuit: homens, em Eskimo (cf. Gessain, les Esquimaux du Groenland à l'Alaska, p. 5).

Init, Ai-nit: homens, em wolof.


No século XIX, Bory de Saint Vincent descreveu os Esquimós, alguns dos quais eram quase tão pretos quanto o mais preto dos Africanos, apesar da latitude:

Seja qual for a razão, ambos os sexos, mais bronzeados do que as pessoas na Europa e na Ásia Central, mais escuros do que quaisquer outros Americanos, são ainda mais pretos o quanto mais para o norte se vai; uma prova adicional de que não é, como geralmente se acredita, o calor do sol que causa a cor-da-pele preta em certas regiões intertropicais. Não é raro encontrar Esquimós, Groenlandeses, e Samoiedos em 70 graus de latitude, que, mais escuros do que os Hotentotes no extremo oposto do velho continente, são quase tão pretos quanto os Wolof ou Cafres [Kaffirs] no Equador.* [ * - Bory de Saint Vincent, Histoire et description des Iles de l‟Océan. Paris: Didot, 1839.]


Cheikh Anta Diop, A origem Africana da civilização. capítulo 9 Povoamento de África à partir do Vale do Nilo, páginas 370 a 372.

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