Ao longo da Antiguidade, os dias intercalados eram consagrados aos deuses nascidos nos cinco dias adicionais colocados no início do ano (cf. Plutarco). Textos Egípcios e Gregos concordam em chamar estes deuses Osiris e Isis, Set, Nephthys, e Horus. No início do ano, abrindo com o simultâneo nascimento de Sothis, Ra, e o Nilo, Osíris, deus do Nilo e da vegetação, é escolhido como patrono. Ele é considerado por ter nascido no primeiro dos cinco dias suplementares. Nós podemos concluir que os adoradores de Osíris eram poderosos em Heliópolis mesmo ao tempo em que seus astrônomos estabeleceram o calendário. *
[ * - Em “Isis and Osiris” ["Isis e Osiris"], Plutarco relatou que Osiris nasceu no primeiro dos dias intercalados, como escreve Moret. Ou seja, no 361º dia do ano, que corresponde à 26 de dezembro, quando nós levamos em conta a reforma do calendário. O Papa Júlio I (século IV), fixou 25 de dezembro como o aniversário de Cristo, mas nós sabemos que Cristo não tinha estatísticas vitais; ninguém sabe a data de seu nascimento. O que poderia ter inspirado o Papa Júlio I a escolher esta data - apenas um dia removido do aniversário de Osíris – a menos que seja a tradição Egípcia perpetuada pelo calendário Romano? Isto torna-se evidente quando a idéia de uma árvore é associada com o nascimento de Cristo. Isto pareceria arbitrário se nós não soubéssemos que Osíris era também o deus da vegetação. Às vezes, ele era mesmo pintado de verde na imagem daquela vegetação, cujo renascimento ele simbolizava. Seu símbolo era uma árvore com galhos cortados criados para anunciar a ressurreição da vida vegetal. Este era um impressionante rito agrário caracterizando uma sociedade sedentária.
A planta símbolo de Osíris era chamada Djed em Egípcio. Em Wolof, nós temos: Djed: em pé, ereto, plantado em pé; Djan: vertical; Djed-Djed-âral: muito ereto (intensificação de Djed); Djen: um poste.
Tal, então, poderia ser a origem remota da árvore de Natal. Mais uma vez nós vemos, ao retraçar o curso do tempo, que mais de uma característica da civilização Ocidental, cuja origem tem-se esquecido, perde sua característica enigmática quando ligada com sua fonte Negro-Africana.
Tomando nossa inspiração de Plutarco, poderíamos também estabelecer uma relação entre o nascimento de Nephthys (irmã de Ísis e Osíris) quem entra no mundo através das costelas de sua mãe, e aquele de Eva, criada a partir da costela de Adão.]
Cheikh Anta Diop, A origem Africana da civilização. capítulo 4 Pode a civilização egípcia ter se originado no Delta?, páginas 173 e 174
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