A história da África Preta permanecerá suspensa no ar e não pode ser escrita corretamente até que historiadores Africanos se atrevam a conectá-la com a história do Egito. Em particular, o estudo das línguas, instituições, e assim por diante, não podem ser tratadas adequadamente; em uma palavra, será impossível construir "Humanidades" Africano, um corpo de ciências humanas Africano, desde que essa relação não apareça legítima. O historiador Africano, que evita o problema do Egito [Kemet] não é nem modesto nem objetivo, nem imperturbável; ele é ignorante, covarde, e neurótico. Imagine, se você pode, a desconfortável posição de um historiador ocidental que fosse escrever a história da Europa sem se referir a Antiguidade Greco-Latina e tentasse passar por fora daquilo como uma abordagem científica.
Os antigos egípcios [Kemeticos] eram Negros. O fruto moral da sua civilização deve ser contado entre os espólios do mundo Preto. Em vez de apresentar-se a história como um devedor falido, este mundo Preto é o próprio iniciador da civilização "ocidental" ostentada diante de nossos olhos hoje.
Matemática de Pitágoras, a teoria dos quatro elementos de Tales de Mileto, o materialismo epicurista, o idealismo Platônico, o Judaísmo, o Islamismo, e a ciência moderna estão enraizados na cosmologia e ciência Egípcia [Kemetica]. É preciso apenas meditar sobre Osíris [Ausar], o deus-redentor, que se sacrifica, morre e é ressuscitado para salvar a humanidade, uma figura essencialmente identificável com Cristo.
Um visitante de Tebas, no Vale dos Reis, pode ver o inferno Muçulmano em detalhe (no túmulo de Seti I, da Décima – Nona Dinastia), 1.700 anos antes do Alcorão. Osiris [Ausar] no tribunal dos mortos é de fato o "senhor" de religiões reveladas, sentado entronizado no Dia do Julgamento, e nós sabemos que certas passagens Bíblicas são praticamente cópias de textos morais Egípcios [Kemeticos].
Longe de mim confundir este breve lembrete com uma demonstração. É simplesmente uma questão de fornecer alguns pontos de referência para persuadir o leitor Preto Africano incrédulo a trazer a si mesmo para verificar isto. Para sua grande surpresa e satisfação, ele vai descobrir que a maioria das idéias utilizadas hoje para domesticar, atrofiar, dissolver, ou roubar a sua "alma", foram concebidas por seus próprios ancestrais. Para tornar-se consciente de si mesmo; sem isto, a esterilidade intelectual é a regra geral, ou então as criações suportam, Eu não sei o quê, de cunho subumano.
Em uma palavra, devemos restaurar a consciência histórica dos povos Africanos e reconquistar uma consciência Prometéia.
Cheikh Anta Diop, A origem Africana da civilização. prefácio paginas 16 a 18.
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